terça-feira, 13 de janeiro de 2009

PARA ENTENDER


O atual conflito bélico entre Israel e os palestinos da Faixa de Gaza nada mais é que o desdobramento de conflitos anteriores - para ser exato, quatro guerras desde a criação do estado de Israel por decisão da ONU em 1947. Guerras que são a continuação da eterna desavença entre árabes e judeus, povos semíticos que habitam, mais ou menos ininterruptamente, aquele pedaço do mundo desde quatro mil e duzentos anos, pelo que se sabe. Pois é, a imprensa de um modo geral faz questão de mostrar cenas horrendas de crianças palestinas mortas e mutiladas por tropas israelenses. O que a imprensa não mostra, e o desavisado leitor ou espectador não sabe, é que o conflito, embora com raízes extremamente complexas para serem explicadas num espaço como este, pode ser entendido na sua fase atual. Desde a criação de Israel, os árabes do Egito, Jordânia, Síria e Líbano, bem como povos não árabes, mas igualmente muçulmanos do Irã e Iraque, se insurgiram contra o novo estado, NEGANDO-LHE A EXISTÊNCIA. O que, fundamentalmente, Israel quer é o reconhecimento de seu direito de existir, mesmo porque, ali está, e não há fórmula legal, ou mesmo mágica, de apagar um país. Depois da "Guerra do Yom Kippur" em 1973, o Egito, numa sábia atitude de seu presidente Anuar Sadat, reconheceu o estado de Israel e nunca mais houve guerra entre eles. Ambos os países, se não amigos, pelo menos se respeitam e mantêm representações diplomáticas atuantes em suas capitais. A Jordânia, seguindo o caminho do Egito, também reconheceu Israel em 1994, e ambos abandonaram hostilidades. Os demais países árabes, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, além de negarem o direito de um povo de existir, fazem disso uma doutrina que incutem na mente de suas crianças nas escolas; pregam a eliminação do povo judeu como condição sine qua nom para sua própria existência, ou seja, enquanto Israel existir não haverá quaisquer condições de convivência pacífica, não haverá maneira alguma de existir paz, os povos palestinos não terão uma pátria. Ora, Israel sempre estendeu a mão antes de mobilizar seus sofisticados tanques, sempre propôs conversar ao invés de bombardear com suas mortíferas aeronaves. O fato da retaliação de Israel aos ataques palestinos parecer desproporcional deve-se a dois fatores. Quando das guerras anteriores, Israel se viu frente a vários exércitos extremamente bem armados com intuito claro de, segundo palavras dos próprios árabes, “jogar os judeus ao mar”, sendo assim ameaçado, não houve outro meio senão se armar melhor que os inimigos. Armamento melhor e mais sofisticado causa impacto mais formidável, não importa se empregado ofensiva ou defensivamente, daí as cenas que se repetem ad nauseam. O segundo fator decorre do primeiro, os palestinos SABEM que não têm meios de combater no mesmo nível seus figadais inimigos, então recorrem a táticas que, ao tempo que enfurecem os israelitas, não se mostram tão espetaculares na televisão, por isso são menos notadas, o que significa que nós não podemos ter uma idéia clara do que estão fazendo, só vemos tanques atacando casas e quarteirões inteiros e isso nos impacta. Qualquer guerra é injusta, desumana e deveria ser evitada, mas, nessa, devemos ter em conta que se os palestinos reconhecerem o estado de Israel e deixarem de atacá-lo o motivo para a guerra desaparece, e a Israel não sobrará razão alguma para retaliação e, com boa vontade como se sabe, estenderá a mão e acolherá um estado palestino com todas as honras. Com certeza será bom para ambos os povos e para o mundo, todo homem de boa vontade pensa, ou deveria pensar assim. JAIR, Floripa, 13 de janeiro de 2009.

Um comentário:

Anônimo disse...

Apenas um pequeno adendo: o reconhecimento do estado de Israel por Anuar Sadat acabou por lhe custar a vida, algum tempo depois, quando foi assassinado por radicais do seu país. Da mesma forma, o premier israelense Rabin, que tentava encontrar uma solução pacífica e se mostrava favorável à criação do estado palestino, também pereceu, vítima de radicais israelenses. Isto mostra que em ambos os lados surgem pessoas de bom senso e com tolerância, mas acabam sendo aniquiladas pelo ódio dos extremistas.