domingo, 3 de outubro de 2010

Surrealismo eleitoral

Surrealismo, movimento iniciado em 1924 por André Brenton, escritor francês, nega o racionalismo das coisas de modo a desprezar construções lógicas, que sejam produto de um encadeamento cartesiano, por assim dizer. A coerência e o racional desprezados, constrói-se algo onírico que não obedece a regras conhecidas. Os artistas ligados ao surrealismo, além de rejeitarem os valores ditados pelo status quo, criam obras repletas de humor, sonhos, utopias, deformações e informações contrárias a lógica. Na pintura o movimento teve sua expressão máxima nas obras de Salvador Dali e Juan Miró.

No Brasil, parece que os melhores e mais criativos e ativos agentes dessa escola estão alojados no poder, seja no Executivo, Legislativo ou Judiciário. Leis que “não pegam”, como a que multa pedestres que cruzam ruas fora da faixa de segurança, são inúmeras.

Mas agora, parece que atingimos a perfeição. Se você é brasileiro e maior de idade, está OBRIGADO a ter Título de Eleitor. Se você deixar de tirá-lo, será considerado um cidadão de segunda classe, não pode fazer concurso público, tirar passaporte, cadastrar-se para um empréstimo em instituições públicas, mas, principalmente, não poderá eleger os representantes políticos que, através de mandato, representarão sua vontade. Certo? Errado! Título de Eleitor é perfeitamente dispensável para votar! Pode enfiar seu Título no bolso, com a mesma cédula identidade que nem obrigatória é se você tiver outros documentos com foto, você pode votar cara pálida!

Gostaria de saber a opinião dos portugueses, vítimas de nossas piadas politicamente incorretas, sobre esse tão perfeito quanto inusitado Surrealismo estatal do Brasil Varonil. Às vezes me acho um covardão, não entendo porque não arrumo as malas e me mudo definitivamente para o Paraguai. JAIR, Floripa, 03/10/10.

3 comentários:

Leonel disse...

Jair, eu receio que toda a América Latina seja surreal.
Mas, pelo menos neste particular, creio que ninguém supera o Brasil.
Eu acho engraçado é que reclamam porque o STF não definiu logo a tal lei da "ficha limpa".
Não é preciso uma lei que impeça um vigarista de ser eleito, basta o povo repudia-lo!
Mas infelizmente, os políticos são uma verdadeira amostra do povo!

R. R. Barcellos disse...

- Nossa mãe gentil é a terra dos artistas e das "artes". As leis são surrealistas, os políticos são cubistas, os eleitores mais jovens são modernistas... somente alguns mais velhos são da escola realista. Mas essa escola está fora de moda, infelizmente.
- Mais um texto tempestivo, Jair. Abraços.

João Concliz disse...

Parabéns pelo post!!!
Postei um no meu sobre o surrealismo de Oppenheim, sua xícara peluda e minha experiência com o Daime...
Passa lá se tiver interesse:
www.meiodoredemoinho.blogspot.com