terça-feira, 18 de dezembro de 2012

É nosso?


Monteiro Lobato, o famoso escritor de sobrancelhas hirsutas, bigode chapliniano e ideias racistas, criador do Sítio do Pica-pau amarelo, foi um nacionalista ferrenho e defendeu desde a década de trinta do século passado um política petrolífera para o país onde todas as etapas de produção, desde a prospecção, passando pelo refino e transporte até a distribuição, fossem dominados e aproveitados por empresas nacionais. Chegou até lançar em 1931, sua Companhia Petróleos do Brasil, que em apenas quatro dias teve metade de suas ações subscritas. A companhia de Lobato foi pioneira em extração de petróleo em solo brasileiro. Em 1936, a 250 metros de profundidade vê irromper o primeiro jato de gás de petróleo do poço São João, em Riacho Doce, em Alagoas. Infelizmente, o governo Vargas e os interesses das grandes companhias multinacionais não se coadunavam com o nacionalismo lobatiano, de modo que, apesar de grande futuro que apresentava, sua companhia viu-se boicotada e teve que fechar as portas. Em 1950, inspirados no exemplo de Monteiro Lobato, os partidos políticos de esquerda e os movimentos sociais lançaram a campanha de rua em defesa do petróleo. A campanha "O Petróleo é nosso", empolgou o país e serviu de pretexto para que o Congresso Nacional aprovasse a legislação sobre o Petróleo que, na última hora, recebeu uma emenda que criou o monopólio da Petrobrás. Pois bem, “O petróleo é nosso” foi uma campanha de conscientização que fez o Brasil lembrar que tudo que existe no subsolo pertence à NAÇÃO. Veja bem, pela Constituição, quem compra um pedaço de terra de qualquer tamanho, não se adona do que existir abaixo do solo – solo é aquela fina camada agriculturável que você pode até cavar para fazer um poço, mas se encontrar uma mina de diamantes, por exemplo, estes não são seus, são da NAÇÃO, está na Constituição. Então, ficou patente desde então que o que existe no subsolo do Paraná, do Pará, da Paraíba, do Acre, ou da fazenda do senhor Sérgio Cabral no interior do Rio de Janeiro, é da NAÇÃO e não de pretensos donos. Não há razão para brigas, disputas, bate bocas ou baixarias pelo que se tem embaixo da terra, ponto. Essa gritaria babaca de políticos babacas por causa de royalties de petróleo encontrado na plataforma continental do País não tem qualquer sentido, está na Constituição também que somos uma República Federativa, isto é, uma Nação que se divide em estados administrativos subordinados à Federação, estados que sequer têm autonomia legislativa plena e que dependem do poder federal em vários níveis. Ou seja, sem o poder federal os estados federados não existem. Então, cambada de energúmenos, vão fazer alguma coisa útil como cortar a grama, lavar o carro ou tirar cera do ouvido e deixem de falar bobagem! JAIR, Floripa, 18/12/12. 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Yraima


A jovem cientista Yraima Moura Lopes Cordeiro é membro da Academia Brasileira de Ciências. Doutora em ciências biológicas, hoje é professora adjunta do Departamento de Fármacos da Faculdade de Farmácia da UFRJ, universidade pela qual se graduou em ciências biológicas / modalidade médica e obteve os títulos de mestre e doutora, Summa cum laude, em química biológica.
Lembrando que a ABC é uma entidade que congrega os melhores e mais expressivos cientistas do país. Em paralelo, poderíamos dizer que a ABC representa para a ciência pátria o que a ABL representa para a literatura brasileira, mas com uma importante ressalva. Enquanto a ABL reúne em sua irmandade esdrúxulas indicações políticas como José Sarney e Marco Maciel, por exemplo, e outras inexplicáveis como Arnaldo Niskier e Ivo Pitanguy, a ABC utiliza critérios estritamente técnicos, de modo que seus membros são todos laureados com, no mínimo, doutorado. Além disso, grande maioria dos velhinhos membros da ABL, se limita a tomar chá nas reuniões modorrentas das quintas feiras e se auto louvar pelas obras que produziu. Enquanto a ABC é conhecida pela atuação firme e produtiva de seus membros nas suas respectivas áreas de trabalho.
Yraima foi uma garotinha perfeitamente normal para época e lugar onde nasceu e cresceu. Nasceu no Rio de Janeiro na década de 70, exatamente dois minutos após sua irmã Naiana, a qual também é doutora, mas em outra área.
O que faz uma garota em tudo normal se tornar sumidade em alguma área? A meu ver, seus pais e o ambiente saudável que a envolveu. Heloisa e Ruy, além de pais convencionais na educação de seus rebentos, sempre foram leitores vorazes e seletivos, na casa deles nunca estiveram ausentes bons livros de todas as áreas, bem como horas regulares de leituras diárias. As gêmeas, e mais o garoto Aimberê que veio depois, tiveram como referência e “habitat” um ambiente em que livros faziam parte do mobiliário e eram lidos e manuseados com familiaridade todos os dias. Assim, quando Yraima ingressou na escola, nunca se sentiu “obrigada” a estudar, nunca achou que livros e estudos eram chaturas pelas quais tinha que passar como um sacrifício de vestal, pelo contrário, a cultura livresca fazia parte de seu DNA familiar e ela nunca teve necessidade se esforçar muito para adquirir conhecimento. Vale lembrar também que sua infância foi povoada de aventuras e seres fantásticos, como gnomos, que habitavam o sítio de seu avô nas noites de verão iluminadas de pirilampos e sonorizadas por grilos e outros terríveis bichos talvez alienígenas que comiam cérebros de crianças. Como se vê, uma infância perfeitamente saudável, que ela, a irmã e o irmão aproveitavam nadando numa piscina natural do sítio, mesmo quando a temperatura invernal desaconselhava essa prática. Aliás, Yraima é exímia nadadora desde praticamente o berço, aprendeu a nadar antes de deixar as fraldas.
As férias quase sempre incluíam dias vividos intensamente em Visconde de Mauá onde rios, cachoeiras e mata atlântica de transição se conjugam na forma de um quase santuário de natureza preservada povoada com gente que sabe respeitá-la.
Pois é, instrumentada com uma infância prenhe de fantasias, espaços e brincadeiras saudáveis; tendo pais disciplinados que davam valor ao hábito da leitura e aos estudos; boa aluna que estudou numa escola montessoriana; tendo facilidade para aprender idiomas – é fluente em várias línguas, inclusive alemão; e tendo gosto pela ciência desde muito cedo, é plausível e compreensível que hoje esteja ente os luminares que compõem o plantel da ABC.
Então, Yraima, ao contrário dos advogados deste Patropi, que ao passar nas provas da OAB passam a se auto intitular “doutores”, como se tivessem defendido alguma tese, é doutora De facto e De Jure, pois defendeu tese frente uma banca, tendo feito pesquisas para seu trabalho até em alemão na própria Alemanha.
Parabéns para essa guria que engrandece a ciência do país e que, por acaso, é minha sobrinha. JAIR, Floripa, 02/12/12.