quinta-feira, 12 de março de 2015

Sobre Palestinos



Segundo uma visão histórica, os árabes são um povo único, assim como o são os judeus, os kosovares ou os índios do Novo Mundo. O que há é que árabes habitam vários países do Oriente Médio em virtude de divisões territoriais artificiais impostas pelos colonizadores ingleses, franceses e outros, com fito maquiavélico de “dividir para governar”. Nesta ótica é estranho excluir do povo árabe, os palestinos, assim como não faz qualquer sentido “criar” judeus russos, judeus alemães ou qualquer outra denominação. Afinal, antes da criação do estado de Israel, os povos (árabes, judeus e cristãos) que viviam na região a consideravam parte da Síria. Aliás, até o próprio Arafat concordava com uma visão panarábica, palavras dele: “A Palestina é apenas gota no oceano árabe, nossa nação é a nação árabe”.
Por outro lado, têm-se que levar em conta que ao ser criado o “Mandato Britânico” após a primeira guerra mundial, os britânicos arrancaram um grande naco da Síria e criaram a Jordânia a qual deram de presente a rei Abedullah que havia lutado ao lado deles contra os turcos que dominavam a região há seiscentos anos. Quando a ONU dividiu o que restou da Palestina entre judeus e árabes, estes se recusaram a criar uma nação árabe porque entendiam (entendem ainda) que essa nação inclui o estado de Israel e que judeus não têm direito a um estado, são estrangeiros que invadiram aquele espaço e devem retornar seus países de origem. Aqueles mesmos países que os expulsaram e exterminaram porque eles não faziam parte de seus povos. Seria risível se não fosse extremamente dramático, historicamente incorreto e genocídio anunciado.
Desde a criação de Israel até 1967, os árabes que deixaram a região viveram na margem oeste do Mar morto e eram administrados pela Jordânia, e os que viviam na Faixa de Gaza eram administrados pelos egípcios, mas, até aquela data, não se falava em palestinos, só quando, após a guerra dos seis dias quando Israel passou a administrar essas duas regiões o termo palestino foi então usado. A Síria, o Egito e a Jordânia haviam se recusado a criar um estado palestino para acolher esses deslocados e passaram então a reivindicar que só seria viável a criação de um estado se Israel desaparecesse.
Ora, o estado de Israel é uma realidade, como então seus vizinhos impõem a condição de seu desaparecimento puro e simples para a viabilidade de uma pátria para os palestinos, que são árabes? Sem querer reductio ad absurdum devo dizer que este imbróglio só será minimamente equacionado visando uma possível solução, pelo diálogo, o resto é fogo fátuo. JAIR, Floripa, 12/03/15.